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Tóquio 2020: Guilherme Locatelli será o árbitro da Final Olímpica entre EUA e França 06/08/2021 18:32

O catarinense Guilherme Locatelli será o árbitro principal da decisão masculina do basquete nos Jogos Olímpicos de Tóquio, nesta sexta-feira, às 23h30. O profissional do quadro da Federação Catarinense de Basketball será o árbitro principal da partida entre Estados Unidos e França, alcançando o ápice na carreira de árbitro em sua segunda Olimpíada. O feito coroa uma semana especial em sua vida que teve, na última quarta-feira, o nascimento de seus trigêmeos, o qual acompanhou por chamada de vídeo, horas antes de atuar na partida entre França e Eslovênia pela semifinal da competição.

Além da semifinal, nesta edição, Locatelli apitou quatro jogos, incluindo entre Estados Unidos e França pela primeira rodada do torneio, partida que marcou o fim de uma invencibilidade Olímpica de 17 anos da equipe americana. A decisão desta sexta-feira marca o auge da brilhante carreira do árbitro catarinense tem em seu currículo diversos feitos como semifinal na Rio 2016 e de Mundial em 2019, competição a qual ele também atuou duas vezes. Além disso, possui diversas atuações em Mundiais de base, torneios continentais, NBB, Campeonato Brasileiro e, claro, Campeonatos Estaduais. O árbitro, que completa 40 anos no próximo dia 15, é registrado na FCB desde 2004 e na CBB desde 2005. 

Acompanhe a entrevista com o árbitro:


Acervo Pessoal

FCB - Que semana especial na tua vida, como mensurar tudo isso?
Guilherme Locatelli - Hoje o Fábio Deschamps (presidente da FCB), comentou comigo e de fato essa primeira semana de agosto vai ser inesquecível. Apitei uma semifinal de Olimpíada, uma final e nasceram os trigêmeos, né?! Tudo na mesma semana e é difícil da gente se dar conta de tudo que aconteceu.

FCB – E como você avalia sua trajetória dentro da competição até a final?
Locatelli – No dia a dia, aqui, a gente não enxerga muita diferença entre os jogos, o campeonato foi se desenrolando, eu fui percebendo que eu estava indo bem e cada vez melhor e em partidas cada vez mais difíceis, e foi um dia após o outro. Por isso não consegui realizar muito bem toda essa proporção, sabe?! Chegar na final, na verdade, é muito de como se desenrola o torneio, o árbitro tem que chegar aqui e se preocupar em ter uma performance que o coloca entre as opções da FIBA para os grandes jogos do Campeonato.

FCB – Como você segurou a expectativa conforme foi sendo escalado para os jogos mais importantes?
Locatelli – No momento em que você se coloca tecnicamente como uma opção possível, ser escolhido para os grandes jogos é uma decorrência disso, e assim eu percebi que eu tinha chances reais de chegar pelo meu desenvolvimento no torneio. Mas claro que existem várias opções e gera um certo frisson, uma ansiedade para saber quem chega nesses principais jogos. Aí ontem eu fui designado para apitar a final entre França e Eslovênia, um jogo complicado em que a performance foi muito boa, mas eu já dava minha participação como encerrada, assim como foi na Rio 2016. Então eu estava tranquilo, prestigiado e que eu tinha consolidado ainda mais minha carreira e meu nome no cenário internacional, e hoje veio a escala com o meu nome. É muito difícil ter esse tipo de repetição num campeonato, apitando semifinal e final, mas aconteceu.


Final Estadual Adulto Feminino Sub-19 (Foto: Lucas Inácio / FCB)

FCB – E agora que isso se confirmou, já deu para ter noção do feito?
Locatelli – Não deu ainda para me dar conta de tudo que tá acontecendo aqui na competição, da repercussão disso tudo, porque somos 30 árbitros confinados no hotel apitando um campeonato de basquete, parece normal aqui no nosso meio, mas acho que só vou ter a noção do que é apitar uma final de Jogos Olímpicos quando sair dessa bolha que estamos aqui no momento, sabe?! Então as emoções estão vindo aos poucos, mas ainda não consegui me dar conta do que está acontecendo.

FCB – E como está sendo essa experiência com nascimento dos bebês?
Locatelli – Sobre o nascimento dos trigêmeos, eu tive todo o suporte da minha família, dos amigos, mas assistir ao parto daqui no quarto do hotel, acompanhando a rotina dos bebês na maternidade, tudo está bem diferente. No meu primeiro filho eu acompanhei ao vivo, estava junto, então também estou bem ansioso para retornar para Florianópolis e ver tudo de perto. Ainda bem que eu tive uma rede muito boa de suporte nessa jornada que coincidiu com os Jogos Olímpicos.

FCB – Como é olhar para trás e pensar na sua trajetória?
Locatelli – As emoções são muitas que eu nem consigo explicar, mas eu só tenho a agradecer à Federação Catarinense, que eu comecei em Santa Catarina, sempre me apoiaram e estiveram do meu lado, e sempre à disposição de tudo que eu precisei, agradeço demais a todo esse suporte. E esse é um prêmio que eu devolvo para a FCB por toda a ajuda que me deram. Estar nesse jogo não me torna melhor ou pior árbitro caso eu não estivesse escalado, mas é como se fosse um presente que eu devolvo para a Federação e para todas as pessoas que me auxiliaram durante todo esse tempo, cada pessoa que passou pela minha carreira tem uma parcela nessa conquista que é fazer essa final de Jogos Olímpicos.


Final Campeonato Brasileiro Masculino 2021 (Foto: Lucas Inácio / FCB)

Texto: Lucas Inácio / FCB

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